As Mentiras que te contaram sobre o câncer: Desvendando mitos comuns
Mágoa causa câncer? Os chás são a salvação? Esse post desvenda mitos comuns muito difundidos em nossa cultura e sociedade.
MITOS SOBRE CÂNCER
Dr. Neto Pereira
4/21/20245 min read


O câncer destaca-se como uma das doenças mais temidas e mal entendidas da medicina, cercado por um mar de mitos que podem distorcer a realidade do diagnóstico, tratamento e sobrevivência. Este artigo busca esclarecer, com base em evidências científicas, algumas das falácias mais persistentes relacionadas ao câncer, proporcionando uma perspectiva mais precisa e baseada em fatos.
Desmistificando o "Fim Inevitável"
Apesar do mito comum, o câncer não é necessariamente uma sentença de morte. Os avanços significativos em oncologia transformaram o tratamento de muitos tipos de câncer, com altas taxas de sobrevivência, especialmente se diagnosticados precocemente. A evolução contínua de terapias como a imunoterapia e os tratamentos personalizados tem melhorado drasticamente o prognóstico para muitos pacientes. A verdade é que cada caso de câncer é único, e a medicina moderna está cada vez mais capaz de proporcionar resultados bem-sucedidos. É fundamental reconhecer que o câncer, quando detectado em estágios iniciais, pode ser altamente curável, com taxas de cura que podem chegar a 100% dependendo do tipo e localização do tumor. No entanto, em estágios avançados, a doença pode ser muito mais desafiadora. Mesmo assim, os avanços nos tratamentos têm permitido extensões significativas na sobrevida e melhorias na qualidade de vida dos pacientes, mesmo em casos de doença metastática, proporcionando um controle eficaz dos sintomas e aumentando o conforto.
Autor: Dr. Neto Pereira
Oncologista Clínico, especializado em Predisposição Hereditária ao Câncer e Oncologia de Precisão.


O Câncer Não é Contagioso
O medo de que o câncer seja contagioso persiste em algumas comunidades, apesar de nenhuma evidência médica apoiar essa noção. Câncer não é transmissível, exceto no contexto de determinados vírus causadores de câncer, como o HPV, Hepatite B e C, Epsten Barr e HIV, que podem ser passados entre pessoas e aumentar o risco de certos tipos de câncer. Entender isso é crucial para combater o estigma e apoiar adequadamente aqueles em tratamento.




A Verdade Sobre Produtos Naturais e Cura do Câncer
A crença de que produtos naturais podem curar o câncer é atraente, mas pode ser enganosa. Embora dietas saudáveis e alguns produtos naturais possam melhorar o bem-estar geral e até reduzir o risco de desenvolver câncer, é essencial entender que eles não substituem os tratamentos médicos convencionais. Os profissionais de saúde recomendam que os pacientes consultem seus médicos antes de começar qualquer suplemento ou tratamento alternativo.
No que diz respeito aos remédios naturais como o chá de pariri (também conhecido como crajiru) e o chá da folha de graviola, esses são frequentemente mencionados por suas supostas propriedades anticancerígenas. No entanto, é crucial analisar essas alegações com base em evidências científicas.
O pariri, uma planta tradicionalmente usada em várias culturas e valorizada na Amazônia por suas propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes, tem sido associado à ajuda na recuperação de pacientes submetidos a quimioterapia ou radioterapia, especialmente na regeneração de hemácias e alívio de alguns efeitos colaterais. Contudo, esses benefícios não equivalem a uma cura para o câncer e baseiam-se principalmente em relatos individuais ou tradições, sem estudos clínicos rigorosos que confirmem sua eficácia. Além disso, não há dosagens e métodos de uso estabelecidos, e o uso indiscriminado pode levar a efeitos colaterais que podem ser confundidos com os de tratamentos quimioterápicos. Portanto, embora o chá de pariri possa oferecer alguns benefícios complementares, ele não deve ser considerado uma alternativa ao tratamento convencional.
Da mesma forma, a graviola é conhecida por suas propriedades antitumorais. Pesquisas preliminares sugerem que extratos da graviola podem influenciar o crescimento de células cancerígenas in vitro. No entanto, falta evidência clínica robusta em humanos que confirme esses resultados. Importante destacar também que a graviola pode ter efeitos adversos, principalmente se consumida em grandes quantidades, e pode interagir com certos medicamentos.
Em suma, enquanto alguns remédios naturais podem oferecer benefícios para a saúde e possivelmente ajudar na gestão de certos efeitos colaterais do tratamento do câncer, é vital que os pacientes discutam essas opções com profissionais de saúde antes de iniciarem qualquer novo tratamento.
Atitude Positiva e Resultados do Tratamento
Embora uma atitude positiva seja benéfica para o bem-estar emocional durante o tratamento do câncer, sugerir que ela pode influenciar diretamente o resultado clínico é um mito. Pacientes e familiares não devem se sentir pressionados a manter uma fachada positiva em detrimento de expressar sentimentos autênticos, que é um aspecto fundamental do processo de cura emocional.
A relação entre emoções e o desenvolvimento ou progressão do câncer é um tópico complexo e frequentemente debatido na comunidade médica. Enquanto existem estudos que investigam como o estresse crônico e fatores relacionados ao estresse podem influenciar o crescimento e a metastase do câncer, as evidências não são conclusivas ao afirmar que emoções específicas como depressão ou mágoa possam diretamente causar câncer.
A abordagem psicológica no tratamento do câncer reconhece a importância de gerenciar o estresse e a ansiedade, não porque eles causem câncer diretamente, mas porque podem impactar a qualidade de vida do paciente e, potencialmente, a eficácia do tratamento. Programas de intervenção como terapias cognitivo-comportamentais e mindfulness demonstraram ser eficazes em reduzir elementos de estresse e melhorar a saúde mental de pacientes com câncer.
Em resumo, enquanto as emoções negativas e o estresse são reconhecidos por seu impacto na qualidade de vida e podem influenciar a progressão do câncer de maneiras indiretas, não há evidências robustas de que emoções como depressão e mágoa causem câncer. O foco continua sendo o tratamento médico adequado e o suporte psicológico para lidar com o estresse e promover o bem-estar emocional durante o tratamento do câncer.
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