Estadiamento do Câncer: Como funciona a avaliação do tamanho da doença?
Saber em qual estágio a doença se encontra é essencial para definir o melhor tratamento. O estadiamento ajuda a determinar o tamanho do tumor, se ele já atingiu linfonodos e se há metástases. Mas, mais do que isso, ele direciona as decisões médicas, garantindo um tratamento mais preciso e eficiente.
ONCOLOGIA CLÍNICA
Dr. Neto Pereira
2/23/20254 min read


Receber um diagnóstico de câncer traz muitas dúvidas, e uma das perguntas mais importantes é: qual o estágio da doença? O estadiamento é um processo essencial para definir a melhor estratégia de tratamento, pois permite avaliar o tamanho do tumor, sua localização e se ele já se espalhou para outras partes do corpo.
Para isso, os médicos utilizam exames que fornecem informações detalhadas sobre a condição do paciente. No entanto, cada tipo de câncer tem suas particularidades, e a escolha do exame ideal depende de diversos fatores. Isso significa que o melhor exame para um determinado tipo de tumor pode não ser a melhor opção para outro.
O sistema de estadiamento mais utilizado é o TNM, que avalia três aspectos principais:
T (Tumor) – Mede o tamanho do tumor e até que ponto ele invadiu tecidos vizinhos.
N (Nódulos linfáticos) – Indica se há comprometimento dos linfonodos próximos ao tumor.
M (Metástase) – Avalia se a doença se espalhou para outros órgãos.
Com base nessas informações, o câncer é classificado em estágios que variam de I a IV:
Estágio I – Tumor pequeno e localizado, sem envolvimento de linfonodos ou metástases. Na maioria das vezes o tratamento envolve cirurgia.
Estágio II e III – Tumor maior ou com acometimento de linfonodos próximos, podendo exigir tratamentos mais abrangentes. Por exemplo, fazer um quimioterapia para reduzir o tamanho do tumor e combater células microscópicas da doença (micrometástases) que possam ter escapado da região do tumor, antes de realizar a cirurgia.
Estágio IV – Câncer metastático, que se espalhou para outras partes do corpo, comumente priorizando abordagens sistêmicas, como quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo.
O estadiamento correto permite que o paciente receba um tratamento adequado e personalizado, aumentando as chances de sucesso e evitando procedimentos desnecessários.
A Escolha dos Exames: O Que Realmente Faz Sentido para Cada Caso?
Uma dúvida comum entre os pacientes é sobre quais exames são necessários para avaliar a extensão da doença. Muitas pessoas acreditam que exames mais modernos, como o PET-CT, são sempre a melhor escolha, mas isso não é uma regra. Cada exame tem indicações específicas e deve ser escolhido com base no tipo de câncer e nos objetivos da investigação.
Abaixo estão alguns exemplos de como diferentes tipos de exames são utilizados na oncologia:
✔ Câncer de esôfago – A endoscopia digestiva é essencial para visualizar a lesão, realizar biópsias e definir a profundidade do tumor. A tomografia computadorizada (TC) pode ser solicitada para avaliar a disseminação da doença.
✔ Câncer de pulmão – A investigação geralmente começa com uma tomografia de tórax, que pode identificar nódulos suspeitos. Quando necessário, o PET-CT pode auxiliar no estadiamento e na definição do tratamento.
✔ Câncer de próstata – O rastreamento inicial é feito com o exame de PSA e toque retal. Quando há suspeita de câncer, a ressonância magnética multiparamétrica pode ajudar a mapear a próstata e guiar o tratamento.
✔ Câncer colorretal – A colonoscopia é fundamental para detectar pólipos e tumores no intestino, permitindo a remoção de lesões suspeitas e a realização de biópsias. Para avaliar a extensão da doença, pode ser indicada uma tomografia ou ressonância magnética.
✔ Câncer de mama – A mamografia é o exame principal para rastreamento, mas quando há suspeita de um tumor maior ou linfonodos aumentados na axila, exames complementares como ultrassonografia, ressonância magnética e tomografia podem ser indicados para avaliar melhor a extensão da doença. Se houver suspeita de disseminação para ossos, a cintilografia óssea pode ser solicitada.
✔ Leucemias e linfomas – Como afetam o sangue e o sistema linfático, o diagnóstico geralmente envolve exames laboratoriais, biópsias de medula óssea e tomografias. Em alguns casos, o PET-CT pode auxiliar na avaliação da resposta ao tratamento.
✔ Câncer de fígado – A ultrassonografia, tomografia ou ressonância são os exames mais indicados para avaliar lesões hepáticas. Em algumas situações, pode ser necessária uma biópsia para confirmar o diagnóstico.
Cada exame tem sua utilidade e deve ser solicitado com um propósito claro. A escolha da melhor abordagem depende do tipo de câncer, do estágio da doença e das necessidades individuais de cada paciente.
Autor: Dr. Neto Pereira
Oncologista Clínico, especializado em Predisposição Hereditária ao Câncer e Oncologia de Precisão.


A Importância do Estadiamento Correto
✔ Definir o tratamento mais eficaz – Permite que os médicos personalizem a terapia e evitem procedimentos desnecessários.
✔ Evitar exames em excesso – Exames devem ser indicados com critério para evitar custos desnecessários e interpretações equivocadas.
✔ Tornar o tratamento mais preciso – Cada câncer se comporta de maneira diferente, e um estadiamento adequado garante que a abordagem terapêutica seja mais eficiente.
✔ Acompanhar a resposta ao tratamento – O estadiamento pode ser reavaliado ao longo do tempo para ajustar a estratégia terapêutica conforme necessário.
A oncologia moderna busca equilibrar o uso da tecnologia com a personalização do tratamento, garantindo que cada paciente receba o melhor cuidado possível de forma racional e eficaz. Fazer o exame certo, no momento certo, é fundamental para um diagnóstico preciso e um tratamento bem direcionado.


Ilustração: Imagem de PET-CT (PET SCAN), mostrando metástases.
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