Quimioterapia paliativa não é desistência: Como esse tratamento pode transformar a luta contra o Câncer
Muita gente ainda acredita que cuidados paliativos e quimioterapia paliativa são apenas medidas para conforto, quando na verdade são estratégias fundamentais para controlar a doença, aliviar sintomas e proporcionar mais tempo e qualidade de vida.
CUIDADOS PALIATIVOS
Dr. Neto Pereira
2/27/20253 min read


A palavra "paliativo" pode causar confusão. No dia a dia, é comumente usada para descrever algo temporário, uma solução provisória enquanto o problema real não é resolvido. No entanto, na medicina, paliativo não significa desistência.
O termo vem do latim "palliare", que significa "cobrir com um manto" ou "proteger". Originalmente, essa palavra remete à ideia de oferecer alívio, conforto e cuidado, sem necessariamente eliminar a causa do problema.
Na oncologia, a quimioterapia paliativa vai além do simples alívio de sintomas. Ela é uma estratégia ativa para frear o avanço do câncer, minimizar os impactos da doença e proporcionar mais tempo e qualidade de vida ao paciente. Mesmo quando a cura completa não é possível, ainda há muito o que ser feito.
O que é Quimioterapia Paliativa?
A quimioterapia paliativa tem um papel essencial no controle da doença. Diferente da quimioterapia curativa, que busca eliminar todas as células cancerígenas, a quimioterapia paliativa age para:
✔ Reduzir o crescimento do tumor, impedindo sua progressão rápida.
✔ Diminuir sintomas como dor, falta de ar e desconforto, melhorando o bem-estar do paciente.
✔ Proporcionar mais tempo de vida com qualidade.
Se fosse para comparar, imagine um incêndio florestal que já atingiu uma grande área, mas ainda pode ser contido. Os bombeiros sabem que não conseguirão apagar o fogo imediatamente, mas com as estratégias certas – criando barreiras, controlando o avanço das chamas e protegendo áreas vulneráveis – eles podem reduzir os danos e ganhar tempo até que a situação esteja sob controle.
A quimioterapia paliativa funciona da mesma forma. Pode não eliminar completamente o câncer, mas mantém a doença sob controle e proporciona ao paciente mais tempo para viver com qualidade.
Cuidados Paliativos: muito além da quimioterapia
Outro erro comum é pensar que cuidados paliativos são apenas para o fim da vida. Na verdade, essa abordagem pode começar desde o diagnóstico de uma doença grave, ajudando o paciente a enfrentar os desafios do tratamento de forma mais equilibrada.
Os cuidados paliativos envolvem um conjunto de medidas que focam no bem-estar do paciente, independentemente do estágio da doença. Eles podem incluir ou não tratamentos ativos, como quimioterapia e radioterapia, e se baseiam em uma abordagem multidisciplinar.
Isso significa que um paciente pode receber cuidados paliativos e continuar lutando ativamente contra a doença. Entre as principais estratégias estão:
✔ Controle da dor e dos sintomas – Medicamentos e terapias para aliviar desconfortos causados pelo câncer ou pelo tratamento.
✔ Apoio psicológico e emocional – Acompanhamento para ajudar o paciente e sua família a lidarem com os desafios da doença.
✔ Acompanhamento nutricional – Estratégias para garantir uma alimentação adequada e fortalecer o organismo.
✔ Fisioterapia e suporte físico – Auxílio na mobilidade e na recuperação da força do paciente.
✔ Atendimento com equipe multidisciplinar – Médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais trabalhando juntos para garantir o melhor cuidado possível.
A grande diferença é que os cuidados paliativos não se resumem ao fim da vida – eles fazem parte de um tratamento completo para oferecer mais qualidade e dignidade ao paciente.
Por que mudar a percepção sobre o "Paliativo" é importante?
Muitos pacientes e familiares ainda associam a palavra "paliativo" à ideia de que nada mais pode ser feito. Esse conceito equivocado pode gerar medo, insegurança e até resistência a tratamentos que poderiam trazer benefícios significativos.
A verdade é que a oncologia tem avançado muito, e o câncer avançado não significa que o paciente deve apenas esperar o tempo passar. Com os tratamentos certos, muitas pessoas vivem por anos com a doença controlada, aproveitando a vida da melhor maneira possível.
O mais importante é entender que a medicina não se trata apenas de curar, mas também de cuidar. E os tratamentos paliativos fazem exatamente isso: ajudam a garantir mais tempo, mais qualidade e menos sofrimento.
Autor: Dr. Neto Pereira
Oncologista Clínico, especializado em Predisposição Hereditária ao Câncer e Oncologia de Precisão.


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