Tomografias em excesso: quando o cuidado vira risco!
Após o câncer, é comum querer vigilância constante. Mas será que repetir tomografias sem necessidade é seguro? Estudos mostram que o uso excessivo pode aumentar o risco de novos cânceres. Entenda os perigos do excesso de exames e como adotar um cuidado mais consciente.
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Dr. Neto Pereira
5/6/20252 min read


O desejo de vigiar o invisível
Após enfrentar o câncer, é natural querer acompanhar cada detalhe da saúde. A tomografia computadorizada (TC) se tornou uma aliada poderosa nesse processo, permitindo visualizar o que antes era invisível. Porém, o uso excessivo dessa ferramenta pode transformar o cuidado em risco.
O que a ciência revela: o paradoxo das tomografias
Um estudo recente da Universidade da Califórnia, publicado na JAMA Internal Medicine, em 14 de abril de 2025, estimou que as tomografias realizadas em 2023 nos Estados Unidos podem resultar em cerca de 103.000 casos futuros de câncer, representando até 5% de todos os diagnósticos anuais. Esse número é comparável ao impacto de fatores como o consumo de álcool e o excesso de peso.
A TC utiliza radiação ionizante, que pode danificar o DNA e, ao longo do tempo, aumentar o risco de câncer. Embora o risco individual por exame seja pequeno, a exposição cumulativa, especialmente em pacientes que realizam múltiplas tomografias, pode ser significativa.
Riscos adicionais: muito exame, pouca vantagem
Além da exposição à radiação, o uso indiscriminado de tomografias pode levar achados controversos:
Falsos positivos: identificação de alterações que parecem suspeitas, mas não são cancerígenas, resultando em biópsias e cirurgias desnecessárias.
Sobrediagnóstico: detecção de tumores que não causariam problemas durante a vida do paciente, gerando ansiedade e tratamentos evitáveis.
A alta resolução das TCs modernas podem revelar "lesões que talvez nunca causariam problema", levando a intervenções que, em vez de ajudar, geram anisedade e sofrimento.
O caminho do cuidado consciente
A medicina moderna valoriza a individualização do cuidado. Isso significa que nem sempre "mais exames" equivalem a "mais segurança". Em muitos casos, a observação atenta e o acompanhamento clínico são as melhores estratégias.
Dicas práticas:
Converse com seu médico: discuta a real necessidade de cada exame.
Considere alternativas: em alguns casos, exames como ressonância magnética ou ultrassom podem ser opções sem radiação.
Evite exames de rotina sem indicação: tomografias feitas apenas por precaução, sem sintomas ou alterações clínicas, devem ser repensadas.
Menos pode ser mais
A tomografia é uma ferramenta valiosa, mas seu uso deve ser criterioso. Cuidar da saúde também envolve evitar intervenções desnecessárias. Lembre-se: dizer "não precisamos de tomografia agora" não é descaso. É uma forma de proteger você, com responsabilidade, respeito e ciência.
Autor: Dr. Neto Pereira
Oncologista, especializado em Predisposição Hereditária ao Câncer e Oncologia de Precisão.




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